segunda-feira, 29 de julho de 2013

RAIO-X DAS MANIFESTAÇÕES

Intensa mobilização popular nos últimos meses reflete o óbvio descontentamento da população com os mandatários públicos. Pesquisa realizada pelo Ibope aponta que, enquanto aumenta descrença no futuro da nação,  cai aceitação dos políticos. Dentre os cargos do Poder Executivo, prefeitos recebem pior conceito. 




A pesquisa abrangeu internautas, população em geral e manifestantes. Do grupo, foi constatado que 54% já haviam saído às ruas em protestos anteriores e 76% são trabalhadores. O percentual de homens e mulheres foi praticamente igual.


Os jovens lideraram o movimento, com 43% dos manifestantes entre 14 e 24 anos. Muitas vezes taxada de alienada, com seu suposto desinteresse por política, a nova geração dá mostras de idealismo cidadão. "Precisamos desse idealismo no movimento sindical. A paixão pelo bem coletivo é a força motriz do sindicalismo, temos de nos aproximar dessa juventude, que não está indiferente como se pensava e dispõe da energia necessária para transformarmos esse país", considera Afonso Donizeti, assessor sindical da FESEMPRE.

O pessimismo em relação ao futuro, visível no levantamento do Ibope (42% dos entrevistados se disseram menos otimistas), é, para Afonso, reflexo direto dos problemas no serviço público. "O cidadão se sente desamparado, sem representação concreta no Poder Público. O principal problema mencionado na pesquisa foi a Saúde, seguida pela Segurança Pública e pela Educação. Áreas onde a responsabilidade do Estado é grande, mesmo com a co-participação da iniciativa privada", relembra Donizeti.

Avaliação dos políticos

No julgamento da população, o Poder Legislativo está em pior situação que o Executivo, que também não vai bem das pernas. Em escala de 0 a 10, a maior nota geral foi de 5,8, que ficou com a presidenta Dilma. A média de governadores e prefeitos foi de 5,4 e 4,9, respectivamente, enquanto deputados federais receberam 3,9 e estaduais, 3,8. Vereadores ficaram com 3,8 e senadores, 3,7.

"Os prefeitos receberam o pior conceito não foi à toa. Pois nos municípios brasileiros, que contam com menos recursos em relação à Federação e aos Estados, os problemas diagnosticados na Administração Pública se acentuam. Basta que se visite os postos de saúde municipais para constatar a precariedade e a humilhação por que passa a população. As escolas carecem de investimentos e infraestrutura", considera o sindicalista, que conhece de perto essa realidade. Pela FESEMPRE, Afonso percorre os quatro cantos do país, constantemente visitando cidades do interior e capitais para atender demandas dos sindicatos da base.

Para ele, a pior média do Poder Legislativo, em comparação com o Executivo, deve-se aos inúmeros projetos secundários aprovados, enquanto assuntos pontuais permanecem engavetados. "Talvez isso traduza o descontentamento com a perda de tempo com temas sem grande relevância para a dinâmica social no dia a dia. Nossos deputados, pagos regiamente, ficam brincando de instituir o Dia dos presidiários ou o Dia do Saci”, enquanto temas de interesse direto do trabalhador ficam emperrados, como o fim da demissão imotivada e a jornada de 30 horas semanais".

Baixa produtividade

Dos 1.841 projetos de lei apresentados em 2012 na Câmara dos Deputados, somente 13 viraram lei, o que representa 0,7% do total. Um baixíssimo índice de produtividade do Legislativo.

A população, que não aguenta mais a corrupção generalizada que toma conta das instituições públicas, sente-se desamparada. 89% dos entrevistados não se sentem representados pelos agentes políticos, enquanto 83% desprezam também os partidos.

Fonte; FESEMPRE / IBOPE

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